Os primeiros passos que levaram à concepção da ideia do microcrédito foram dados na aldeia de Jobra, pequena vila da cidade de Dhaka, em Bangladesh, em 1976, há quase 50 anos. A ideia original foi uma inspiração do economista bengali, Muhammad Yunus, ganhador do Nobel da Paz em 2006. Ele criou um banco que passou a oferecer empréstimos em pequenos valores para pessoas carentes, conseguindo tirar milhões de pessoas da pobreza.

Yunus era professor de economia da Universidade de Chittagong, cujo campus estava localizado na mesma aldeia. Na metade dos anos 1970, Bangladesh passou pelo pior período de fome e miséria de sua história, com a morte de centenas de milhares de pessoas no país. O economista sentiu-se incomodado com a situação e decidiu conhecer de perto esta realidade. Encontrou na aldeia de Jobra uma situação comum: havia muitas mulheres pobres que faziam pequenos tamboretes feitos com bambus. Pegavam dinheiro emprestado com agiotas, com juros altíssimos, e tinham que vender exclusivamente a eles seus produtos, permanecendo, assim, numa forma de escravidão e passando fome. No final recebiam centavos por cada tamborete que davam para sobreviver, mas as obrigava a sempre pedir emprestado.

Começou emprestando U$ 27,00 dólares para artesãs

Muhammad Yunus ficou conhecido como o banqueiro dos pobres.

O professor fez um levantamento sobre o número de artesãs da aldeia, chegando ao total de 42 pessoas. Emprestou a cada uma delas o equivalente a U$ 27,00 dólares e permitiu que o reembolsassem, com juros menores, quando tivessem condições.

O conceito de microcrédito é explicado na obra emblemática de Yunus.

A ideia deu muito certo, tanto que Yunus acabou criando uma instituição financeira própria para gerir estes empréstimos: o Grameen Bank que se tornou modelo e inspiração para o resto mundo implantar programas de distribuição de microcrédito a populações mais carentes. Veio daí também a ideia de que este tipo de recurso, fundamental para a sobrevivência de uma família, deve ser entrega nas mãos das mulheres que, por serem mães, demonstram mais responsabilidade do que os homens. O criador do microcrédito acabou sendo reconhecido como “o banqueiro dos pobres”, título que também foi dado ao seu emblemático livro, onde narra toda a história da fundação da famosa instituição financeira.